O verdadeiro sentido do sucesso

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

O FATO


O "fato" é algo extremamente relativo no universo material. O que pensamos ser óbvio, algumas vezes nos escapa aos sentidos e uma nova realidade surge após esclarecimento sobre o que julgávamos ser aquele "fato". Isso acontece a todo momento no nosso corpo físico, nas nossas vidas no campo das formas em geral e abrange o universo infinito, do micro ao macro sem que possamos imaginar esse universo estanque e imutável um segundo sequer.
Um exemplo do “fato” que deixa de ser “fato” transformando-se em outra realidade é quando adentramos o universo micro. A matéria, que nos parece tangível aos sentidos e que, após nos esclarecermos a respeito dessa tangibilidade e materialidade, tudo muda. O "fato" deixa de ser aquele que imaginávamos e passa a ter um outro sentido, não raro com significado oposto ao que imaginávamos. Senão vejamos:
A ciência nos informa e é provado, que a matéria é formada por átomos e que esses átomos, por sua vez, são formados por núcleo e eletrosfera, os quais são compostos por prótons e neutrons no núcleo e elétrons na eletrosfera. Pois bem, ao analisarmos a matéria detidamente através dos artifícios tecnológicos atuais, concluiremos que a eletrosfera, onde gravitam os elétrons é muitas vezes em volume, maior que o núcleo. Ou seja o núcleo atômico concentra praticamente toda a massa do átomo, embora tenha o diâmetro bem menor que a eletrosfera, como veremos.
Tanto o próton como o neutron são cerca de 100 mil vezes menores do que o próprio volume atômico. A fim de termos uma ideia, vamos fazer uma comparação, de forma grosseira: Se aumentássemos o núcleo do átomo do elemento hidrogênio, por exemplo, (cujo núcleo é constituído de apenas um proton) até o tamanho de uma bola de tênis. O elétron mais próximo, o qual fica na camada K, na eletrosfera, para manter proporção energética, distaria tres quilômetros do referido próton, que fica no núcleo do hidrogênio. Se um átomo fosse aumentado no seu diâmetro para 150 m, seu núcleo seria, proporcionalmente, do tamanho de um grão de areia fina. A eletrosfera, onde obviamente ficam os elétrons, apesar de ser uma região de volume muito maior que o do núcleo é, em termos comparativos, praticamente vazia, pois o eletron é aproximadamente 2000 vezes menor que o proton, cuja massa é de 1,6726219 × 10 elevado a menos 18 microgramas.
Concluímos pois, que matéria é um aglomerado de vazios e que de fato é ilusória se assim analisarmos. Só para ilustrarmos, quando eu cumprimento um amigo apertando-lhe a mão, a sensação de tangibilidade que eu sinto é simplesmente o resultado da repulsão dos elétrons que compõem a camada eletrônica ou eletrosfera, os quais compõem os átomos que formam as células da minha mão e da mão do amgo. Se a minha mão tocar, materialmente de fato a outra mão, vai haver uma fusão atômica. Como exemplo temos que, a fusão do tecido formado por alguns milímetros de um isótopo de hidrogênio, o menor átomo que conhecemos, produziria uma energia equivalente àquela produzida pela queima de vinte mil quilos de madeira. A física quântica explica isso de forma mais detalhada.
Mas em outras áreas também o "fato" é apenas ilusório. Vejamos na área do Direito humano, nessa matéria podemos ter, por exemplo, uma “prova” a qual indica um fato insofismável, a princípio incontestável. No entanto podemos, após inquérito e averiguações mais detalhadas, mudar completamente a forma de enxergarmos os fatos. Existem no Direito Penal, por exemplo, “fatos” que, não sendo confirmados, parecem indicar uma coisa e é outra totalmente diferente do “fato” apresentado inicialmente e aí, “in dúbio pro réu” não é verdade?
Tales de Mileto, 700 anos antes de Cristo apresentou uma proposta para a formação do universo material. Disse ele que a origem da matéria convencionalmente conhecida era a água. Isso levou algum tempo sendo considerado como “fato” pelos filósofos da época. Até que Anaxágoras, outro filósofo que viveu também antes de Cristo, anunciou que “Tudo está em tudo” e que o universo é constituído por um “Nous”, que seria uma forma de inteligência plena, povoando o universo. Mais tarde deu-se a esse “fato” o nome de Deus.
E assim é o mundo das formas, instável e pessoal. Daí a visão sobre Deus pelas pessoas também ser instável. O que é fato hoje, amanhã pode não ser.
Ainda na área do direito, Olha o exemplo, o Código de Processo Civil, CPC era um hoje é outro. As Constituições Brasileiras, O Código Penal etc. Todos relativizam-se com a evolução social, econômica, política e em todos os sentidos materialmente falando.
Daí a necessidade de migrarmos o pensar para um mundo mais efetivo, mais estável, transcendendo a matéria indo ao mundo do espírito. Não o mundo espiritual que o vulgo invoca e que nos leva a um passeio no intelecto místico. O espírito a que nos reportamos é um estado do Ser, que é aliado à razão e que transita pelas avenidas da lógica, da invariância; que exige de nós o uso do lado frontal do cérebro. E isso só é viável com o esclarecimento. Como disse Friedrich Nietzsche: Não existem fatos, apenas interpretações. Só podemos entendê-lo, o "fato", nos afastando do raciocínio ilógico, fugaz e mutável do mundo impermanente. O Espiritismo nos proporciona esse trânsito com lucidez.
Aveli Modesto

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