O verdadeiro sentido do sucesso

sábado, 22 de fevereiro de 2014

A VIDA E A ARTE ABSTRATA


Sofrer dói

É como algo que rói diminuindo aos pedaços o ser

Mas, pior que sofrer é não ver onde dói essa dor

Talvez  por ser no interior ou quem sabe, ao redor do pesar.

E apesar disso tudo ela vem e nem ao menos espera,

A outra dor abrandar.

Ah, se eu soubesse; quem dera!

Onde mora esse mal que assaz desanima,

A melhora eu pedia a qualquer Avatar.

Mas eu sinto que há nessa dor, lá no fundo, a essência divina.

A min ‘alma menina, sequer desconfia que vai renovar.

Um pensar, um errante no tempo perdido,

Um vacilo adiante, o evento, sei lá, um arruído.

Um amor terminado no meio;

Um pedaço de pão mal servido;

A demora em um devaneio;

Um caminho pela contramão;

Um rancor não abrandado. Um pecado.

Mas enfim uma luz invocou-me a razão.

Um achado inspirado, uma voz.


Lá estava dormindo a  indomada algoz.

Encontrei afinal o refúgio que dói a dor.

Ela estava escondida, estacionada, na vaga exclusiva do amor.


Aveli Valdo Modesto

27/11/2012

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A TI

Queda–me a alma o fulgir dos olhos teus.

Fere-me o brio o fulgor da tua luz.

Tu és um presente dado por Deus.

O universo a ti me conduz.

Ó dádiva que tanto anseio.

E nunca logro achar um meio,

De unir minha alma a tua.

Talvez não seja agora,

Não sei o dia, nem mesmo a hora.

Mas sei que acharei, cedo ou tarde,

No infinito distante ou aqui.

Por certo estarei no rumo.

E, como o Mestre falou ao Pai, eu falarei também a ti.

Tu e eu meu amor, somos UNO.

Aveli Valdo Modesto

domingo, 27 de outubro de 2013

Einstein uma vez perguntou a um amigo poeta:
Como trabalha um poeta?
Como assim? Perguntou o amigo.
Quero dizer, como vem a concepção de um poema?
Não sei, eu apenas sinto. Ela simplesmente surge. Respondeu o amigo.

Esta surgiu:

A INCOMPLETUDE
Como o outono, aguardo o verão me aquecer.
Como a incerteza, anseio poder te encontrar.
Como a aranha, armo a teia prá te emaranhar.
Como as trevas, anseio com urgência uma luz.
Pela trilha que guia, sigo o caminho que a ti me conduz.
Como a dúvida que rói, busco com ânsia aprender.
Como a tristeza que dói, curvo-me amargurado.
Como a noite escura, anseio o alvorecer.
Com a incompletude a doer, peço prá ser curado.
Como o rancor que amargura, corro à oração que acalma.
Como o calceta a caminho, busco a libertação da alma.
Como a angústia que imanta, busco leite e mel do Hebreu.
Com o amor que encanta, aguardo apenas um beijo teu.

Aveli  Modesto




segunda-feira, 2 de setembro de 2013

EU VENCI O MUNDO


AO PERDOAR AFIRMO QUE VENÇO,
COM A FORÇA DO BEM A CONTENDA COM O MAL.
FRACO NA LINHA DO TEMPO,
SUCUMBI DIANTE DO AMOR.
PARECIA SABER QUE IA PERDER.
QUEDEI DOMINADO, MORTO E CAUSAL,
JÁ NEM SEQUER FAZIA-ME OUVIR.
ERA A VOZ DO ORGULHO A IRONIZAR,
E AGORA AGONIZO SEM PODER NEM FALAR.
NAS VIVÊNCIAS DO TEMPO QUE FOI.
HOJE MAIS CRENTE NO ESPERADO DEVIR,
DO ONTEM QUE LEMBREI COM PESAR.
SENTIREI A  DESDITA DO ERRO MORDAZ.
DO AMOR QUE LESEI, IMPLORO PERDÃO.
MERA RECORDAÇÃO OU GRAVE LIÇÃO, FICOU PARA TRAZ,
JAMAIS TERÁ NOVA EDIÇÃO.
JAMAIS PODEREI RETORNAR.
REPORTO-ME AGORA AO QUE VAI DESPERTAR.
NOVOS EMBATES, DECERTO, VIRÃO.
NA HORA "H" PARTIREI,
RELATIVIZAREI A QUESTÃO,
E O MESTRE IREI IMITAR.
QUANDO NÃO MAIS AQUI ESTIVER. 
E SEM TARTAMUDEAR DIGO AO MUNDO,
E, APENAS PARA INFORMÁ-LO:
PRIMEIRO QUE EU NÃO MORRI.
SEGUNDO, QUE EU O VENCI.
02/09/2013

AVELI VALDO MODESTO

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

AMOR ETERNO


Já não me contenta a paixão vã
Dessas que a juventude acende e nela mesmo se apaga.
Não quero mais o amor pequenino,
Desses que a gente vê no menino.
Eu quero um amor graúdo, desses com conteúdo;
Que nem mensurar se pode.
Quero um amor infinito, que não seja apenas bonito.
Que arrebata apesar de sereno,
Que acaudala apesar de ameno.
Eu quero um amor sem retorno, belo, que enfeite a paixão.
Não como um simples adorno;
Mas que me enleve com os pés no chão.
Um amor que se vê com os olhos da alma,
Que o sentimos com calma, aquecer como o sol,
Alisar como a brisa e beijar como a ave,
Que plaina suave em coluio com a flor.
Eu quero um amor efetivo, leve, alusivo à candura.
Dos que ignoram a dor e deixam a alma pura.
Quero ao amor dedicar-me; jamais deixá-lo mornar.
Ah! o amor, jamais ele deve esfriar,
Mesmo sem chama ele ferve.
Jamais se aparta nem morre;
Tal qual o poeta, orador e a verve,
O amor jamais esmaece, tal cor quando se diz que morre.
Às vezes até adoece, e parece perder o norte.
Ainda assim ele vela o outro amor quando dorme.
E o ilumina com um brilho enorme,
Mesmo quedo ainda assim ele é forte.
Ante as rusgas e farpas do orgulho,
Ele é manso, pacífico, ele é terno.
Pois sabe que o amor que ele ama
É durável, infinito e eterno.

Aveli Valdo Modesto

sábado, 6 de julho de 2013

CONFLITO


Como saber se logo existo se já não tenho o que pensar
Como saber se nada sou se nem ao menos sei que estou
De onde vim será que sabem aonde eu vou?
Não penso nem no vir a ser, pois inda estou no amanhã.
A mente sã no corpo são só me convida ao animal.
O certo é errado em cada gesto e mesmo assim ainda contesto
O que parece racional.
Porque amedronta sem querer o meu pensar?
Quando terei um ideal sem controvérsia?
Por mais que eu corra mal consigo me arrastar.
Porque matéria atrai matéria para inércia?
Do prazeroso ao bem querer é o que consigo.
O que me atrai é o que deixei de aproveitar.
Sem cogitar a transcendência do presente
Sigo.
O certo, eu sei, é sempre ír com consciência.
Galgando airoso resoluto o ascendente 
Vejo-me em vulto caminhando na cadência
A grande teia alvorecente do infinito.
Vejo um consolo fervilhando em minha mente
Vendo-me ontem me arrisquei a aqui chegar 
Por que será que vim buscar o mais bonito?
Será que alguém pode dizer-me quem eu sou? 
Que tenho eu aqui na terra a resgatar?
De onde vim, que faço aqui, prá onde vou?
Avelivaldo Modesto
06/07/2013